quinta-feira, 31 de julho de 2008

Uma casa sozinha no campo

É uma casa é sozinha, tão engraçada, tão estranha, feita com carinho, sem pintura, coberta com a pátina do tempo que marca sua história.
Fixada em uma clareira, ao lado de uma árvore de muitos galhos que faz companhia para a velha casa.
A casinha de telhado de telhas canal, com ervas daninhas deixando elas escuras. Tem goteiras, mas não importa, se a noite de dentro pode-se ver as estrelas.
Construída com uma portinha ao lado de uma janela. Tem uma chaminé onde sai fumaça de um fogão apagado. Caminho pelas suas paredes manchadas e passeio pelo seu telhado.
Cercada de mato crescido, onde pasta um gado fantasma, que não come e não engorda, são almas penadas.
As nuvens cinzentas no céu parecem dizer que vai chover.
Imagino águas caindo do céu amarelo, escurecido pelas nuvens. Mas, o Sol brilha através delas, teimando em levar seus raios brilhantes, como luzes em tubos a liberar o caminho para a velha casa.
O Sol e a chuva brigam sua eterna batalha, por uma varinha mágica, que marca o tempo chuvoso ou brilhante para iluminar ou encharcar a casinha. Sol e chuva misturados querem casar. Quem sabe o Sol verdadeiro esta longe de amar.
O vento sopra forte e parece que vai levar a pobre casa que oscila, como um barco no mar. Vento que leva, para dentro, o frio de agosto. Um frio que arrepia os ossos de um cão faminto que procura um canto para se aquecer.
Fico curioso para saber quem mora na casinha, tão simples, tão linda, como um castelo, que compõe o cenário dos mais singelos, esquecida a flutuar, em silêncio adormecido, em paz.

Por Joseph
Dalmo.

Crise Verborrágica?


Não bastasse a evolução, ou senão dizer, revolução tecnológica que assola a humanidade, pregando valores vis. Temos ainda que receber pelas ventas, essa busca frenética e desenfreada, pela evolução científica, no que tange, por exemplo, a área da medicina. Clones, projeto genoma, células tronco... Promessas maravilhosas, milagrosas, quase que certas de curas para doenças letais.
Vivemos oprimidos, depressivos, nos tornamos verdadeiros prisioneiros do consumismo e alienação.
O mundo, é o de faz de contas. As buscas enfadonhas, pela beleza vazia e desmedida, pelos valores materiais, a prática do mercantilismo, o capitalismo selvagem e as questões ligadas ao egocentrismo são o foco das massas.
E o que dizer do sensacionalismo barato pregado a qualquer custo, da perda maciça de valores, onde até mesmo a morte é vista como dobrar a esquina para comprar um maço de cigarros?
Diante de tantos eventos ditos e tidos como importantes e necessários, seremos então todos dizimados por uma epidemia de dengue, reportando-nos a um passado longínquo, ocorrida na Idade Média, em meados do século XV, onde a peste negra matou aproximadamente 25 milhões de pessoas mundo à fora? Será um minúsculo e reles inseto o vilão que irá dizimar a espécie humana?
Ao refletir sobre nós os seres “humanos”, lembrei-me de três palavras: Humano, racional e irracional. São palavras, palavras estas que cada vez mais tenho a idéia de sinônimos. Há mesmo alguma diferença entre elas? Vida beira ao abismo! Vida louca! Mundo malévolo!
Livre arbítrio mal seguido. Doidivanas, vítimas do sistema? Droga! Merecemos os desalentos? É... Desta forma tenho mesmo que reforçar minha crença nas idéias niilistas.

José Ricardo Batista
24/05/2008

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Um dedo de prosa...pra agradecer...

É sempre bom quando encontramos portas abertas e amigos sempre prontos a nos acolher e nos apoiar em nossas lutas e ensejos.
Agradeço imensamente ao amigo Porto Filho, do site
Arti-manhas, pela atenção e carin
ho com que sempre nos recebe e pelas portas sempre abertas neste espaço tão rico e tão valoroso para nossa literatura.


A quem ainda não conhece o site, clique AQUI e confira, vale a pena!

Abraços literários!

Moniquinha

segunda-feira, 28 de julho de 2008

PINGOS DE CHUVA - por Dorival Manchenho

Acordei preocupado com o tempo. Indubitavelmente a chuva iria atrapalhar o meu dia-a-dia. Melhor seria se não chovesse! Tudo bem! Não adianta murmurar...
Ninguém tem o controle do tempo...Saí apressado em busca de soluções...trabalho, compromissos e reuniões. Esse é meu cotidiano. A chuva começou de mansinho...pingos salpicavam o chão...molhando a poeira do caminho. Lembrei minha infância na roça, o andar na carroça e a chuva molhando o dorso do animal. Sentia o cheiro forte que vinha do norte...o cheiro do curral.
Balancei a cabeça... afugentando as lembranças do tempo de criança.
Voltando a realidade...vi um menino que sorria; olhando vesgo para os pingos de chuva que escorriam pela vidraça. Sua mãe percebeu minha curiosidade e falou: - Ele se concentra nos pingos da chuva e isso o tranqüiliza. É bom para esquecermos a dor dessa doença que perdura.
Continuei meu caminho. Agora...sem muita pressa. Elevei a Deus uma prece. - Se o senhor não curar o menino...faça chover todo dia. Essa é minha vontade. Mas seja feita a sua.


Dorival Manchenho - 12.7.2008

domingo, 27 de julho de 2008

O TRAVESSEIRO E O LENÇO - por Maria Eugênia


Nove horas da noite. Lá vem ele chegando. Entra em casa lentamente como se obedecesse a um ritual. Fecha a porta da rua. Agora passa a chave na fechadura que range emitindo um som rouco, talvez pelos muitos anos em que não fora preciso trancar. Com os novos tempos... Com as notícias que escuta, precaver-se é melhor... Pensa em passar óleo na fechadura pela manhã.
Caminha até à cozinha, acende a lâmpada que pende do teto num fio esgarçado, que de tão velha, projeta mais sombra e penumbra, do que claridade. Mas que importa? Ele conhece tão bem cada palmo daquele lugar... Sua história se mistura a cada objeto... Tudo tão familiar, que até no escuro, saberia encontrar o que necessita.
Começa a passar um café... Contempla a mesa antiga e as quatro cadeiras... Quem se sentará para trocar conversa, amenizar a solidão, bebericar o café?
Já faz tanto tempo que não se ouve barulho naquele lugar... Já faz tempo que ninguém se senta à mesa e ocupa as cadeiras e o coração solitário... Pensa um pouco naqueles que passaram por ali... Mas pensa tão rápido, lembrança de segundos, para não dar lugar a nenhum sentimento...
Apaga a luz e vagarosamente vai fechando as janelas... Usa o banheiro...
Entra em seu quarto. Não precisa de luz, pois a claridade de um poste da rua clareia o ambiente pelas frestas da janela... O pijama dobrado no mesmo lugar... O travesseiro de penas para repousar a cabeça.
Deita-se, puxa as cobertas... Faz uma oração. Coloca a mão embaixo do travesseiro e pega a fotografia, a única que sobrou com todos os que já moraram ali, nos tempos de alegria.
Pega também o lenço para enxugar uma fininha lágrima que ainda teima em escorrer... Suas únicas companhias...

Maria Eugenia
23/07/2008

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Passarinhando (ou Quintaneando)



O tempo é escasso e as horas são vazias

há tanto o que fazer...e o tempo passa
O tempo é escasso e as horas são vazias

As areias da ampulheta escorrem aos olhos

O tudo se amontoa...e o tempo voa
nas horas vazias o nada me impregna
O tempo é escasso e as horas são vazias

Os ponteiros do relógio nunca param

Há tanto o que fazer...e o tempo passa
Sinto-me cheia, plena, abarrotada...do nada
O tempo é escasso...mas as horas...
as horas são tão vazias!

A vida urge, o mundo urge, o amor urge!

Tanto, tanto a fazer...e o tempo...passa...
E as horas são vazias...e o tempo é escasso...
e a areia escorre...e o nada se amontoa
e eu me sinto cheia...de tudo e de nada!

Mas a vida urge...
E o tempo voa...
E o nada, e o tudo, e as horas

Passam!

Eu...passarinho!

(Que o mestre Quintana perdoe minha ousadia)

Moniquinha

terça-feira, 8 de julho de 2008

Solidão
























Gosto de ti, se me persegues à noite,
Se me atormentas à luz do dia.
Não há vozes e vultos,
Oh, luz sombria!

Em teus braços, distribuo lágrimas,
Recolho prantos.
Ainda que fira minha pele,
Corroa minh’alma,
Rasgue minha carne,
Gosto de ti, oh, luz sombria!

Ontem, éramos três:
Você, a tristeza e eu.

Sorvo duas taças de vinho,
Aqueço o sangue,
Emposto a voz.

Sou eterno jogral
Remetendo emoções.


José Ricardo Batista

Feliz novo ano!

Feliz novo ano!

Nossa mensagem de Natal

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