quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Gavetas

O dia me acorda em preto e branco.
Abro a janela e...lá está: o sol,
com todo aquele dourado atrevido,
convidando-me à vida.
Por onde começar? Tantas gavetas...
algumas cheirando a bolor, sinal dos tempos.
Mas, então, já não é hora do descarte,
enterrar de vez aqueles sons
que surgem no meio da noite?
Mas como, se não há outra música para ouvir?
........................
Será? Às vezes, insistimos tanto em quebrar as pedras
e nos esquecemos de adubar as flores.

Basilina Pereira

2 comentários:

João Felinto Neto disse...

QUANDO CHORO

Onde andam os meus olhos
Quando choro,
Se não consigo encontrar
As minhas lágrimas?
Nas migalhas,
Além de meus remorsos?
Nos meus ossos,
Aquém de minha alma?

João Felinto Neto

Rosa Mattos disse...

Ótimo seu poema, Basilina. Das suas interrogações, vieram-me outras:

Enterrar de vez, porque chegou a hora, ou porque tudo tem seu tempo de morte? Para abrir espaço ao novo é preciso descartar o velho? Lembranças no meio da noite, atrapalham o dia? Se assim for, quantas gavetas seremos capazes de descartar para pararmos de quebrar pedras?

A frase final reforça bem o dilema e a confusão em se engavetar a própria reflexão, saindo do singular e se escondendo no plural ("insistimos").

Parabéns. Gostei mesmo.

Feliz novo ano!

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Nossa mensagem de Natal

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